Reportagem de European Co-Headline Tour 2024: Amaranthe + DragonForce + Infected Rain – Sala La Riviera (Madrid, Espanha)– 12/03/24

 


    Terça-feira é um dia tramado por norma, a semana começou e o fim-de-semana ainda é uma miragem no fundo do horizonte longínquo. Porém a melhor forma de passar o tempo é com um concerto. E que tal uma noite com DragonForce e Amaranthe? E acompanhados por Infected Rain? Sim! Vamos a isso! Pois bem, foi isso mesmo que fui fazer a Madrid no passado dia 12 de março.

    A sala escolhida para este evento maravilhoso foi a La Riviera, que é bastante espaçosa e tem um design bastante rico e demonstrou imediatamente um tamanho potencial para este concerto. A fila gigante para entrar, ainda antes das portas abrirem, também vaticinava uma noite de puro espetáculo e de muita diversão.

 

    Quem abriu a noite foram os Infected Rain. Com o seu metal moderno que nos deixa cativados desde o primeiro acorde. A sonoridade da banda é exótica, há quem os tenha comparado a Jinjer, mas a verdade é que o seu som é muito mais transcendental e mais diversificado. A guitarra de Vadim Ojog (ou Vidick como é conhecido) grita djent por todo o lado. A voz de Elena Cataraga (ou Lena Scissorhands como é conhecida) é um misto de Metalcore com Death Metal. O baixo de Alice Lane exprime-se em algo ao que se vê no Groove Metal. A bateria de Eugen Voluta é do Death ao Thrash, é rápida é rítmica é frenética. E foi com esta mistura bastante harmónica que a banda espalhou magia por Madrid. Não podia haver melhor forma de abrir a noite! A banda tem imenso talento e muito potencial para ser um dos grandes nomes do Metal. Elena e Alice demonstraram e demonstram constantemente que o mundo da música tem mulheres talentosas, e elas servirão de exemplo a seguir para muitas artistas que poderão ter medo de dar um passo em frente – avancem sem medo.

    A sala vibrou durante toda a atuação em especial no tema “Fighter”, mas a cereja no topo do bolo foi mesmo o último tema o clássico “Sweet, Sweet Lies”. Todos ficaram louco com este fecho, e queriam mais, muito mais.

 

    Chegado o momento dos DragonForce, e o hype era ciclópico na sala, pois mais de metade da sala transpirava a energia da banda, fosse pelas orgulhosas t-shirts da banda fosse belos sorrisos que não se podiam conter ao ver que o momento, mais esperado, estava ali quase à distância de um braço. E então começou a atuação com “Revolution Deathsquad” onde todos os membros da banda empunhavam uns óculos de sol, demostrando que também eles vinham para a festa. No segundo tema o vocalista Marc Hudson pedium que todos cantassem “Cry Thunder” e os madrilenos demonstaram terem estudado bem a lição e deixaram a banda orgulhosa. Seguiram-se 2 temas baseados nos jogos, um na saga da Lenda de Zelda e outro no Skyrim da saga Elder Scrools, intercalada com o clássico “Soldiers of the Wasteland”, evidenciando o gosto e inspiração nos videojogos que a banda tanto gosta de relembrar nas suas músicas altamente compostas, e melódicas. E destacar que na “Power of the Triforce” houve uma galinha de peluche a ser arremessada pela multidão, e no final da canção foi devolvida sã e salva.

     Power Metal implica heroísmo épico, e rapidamente dá-nos vontade de cavalgar um cavalado alado e seguirmos em direção ao primeiro dragão que possamos encontrar para demonstrarmos a nossa valentia. Pois então no palco não faltaram dragões, e até haviam duas plataformas em forma de Arcade machines, servindo de varandas. Essas varandas em que os guitarristas Herman Li e Sam Totman subiam para demonstrar a sua perícia demiúrgica a tocar o instrumento – deixando uma vontade enorme a cada um dos presentes em aprender a tocar guitarra, para que pudéssemos fazer nem que por um mero segundo, uma mera réplica daquela beleza musical que apenas os nossos olhos e ouvidos foram testemunhas. Alicia Vigil com o seu baixo deixou novamente claro que o metal está repleto de artistas altamente talentosas, e a sua cara de felicidade do início ao fim é prova de que quando fazemos algo que adoramos, parecem não existir problemas. Gee Anzole é um daqueles bateristas que nasceu para segurar o ritmo frenético de uma banda fastástica como esta. E sobre Marc Hudson só me resta dizer que todos nós já, em algum momento da vida, desejamos ter uma voz daquelas, nem que seja no banho quando tentamos cantar aqueles agudos altíssimos, e isso só acontece porque Marc tem uma voz que não é deste mundo.

    Os temas mais esperados eram claramente “Through the Fire and the Flames” e “Fury of the Storm” e aqui os nossos corações encheram-se de alegria e de nostalgia. Para aqueles que como eu, jogaram Guitar Hero deverá ter caído uma lagrima pelo canto do olho, que terá escorrido pelo sorriso pavloviano de tamanha emoção – sim estávamos a ver isto ao vivo finalmente. Deixaram-nos ainda duas covers,  uma de Céline Dion e outra de Taylor Swift. Emoções fortes e memórias distantes de um filme chamado Titanic, no caso da primeira. Na segunda faço aqui uma confissão: que nunca um mosh pit soube tão bem, como ao som de “Wildest Dreams”.

 

    A noite terminava com os Amaranthe que na minha ótica é como se dois mundos colidissem: ABBA meets Metallica, ou o Pop Eletrónico dos anos 80 se misturasse com Metal. O resultado é Metal de festa, para dançar e muito Head Banging. Aqui houve que uma transformação no público da sala, é como em DragonForce alguns estivessem a guardar energia para este momento especial. Muita dança e muita boa música proporcionada pela conjunção de 3 vozes a de Elize Ryd (vocal feminino), Nils Molin (vocal limpo masculino) e Henrik Englund (vocal gutural masculino) e a harmonia é simplesmente perfeita. Juntam-se a eles o baterista Morten Lowe, o baixista Johan Andreassen e o guitarrista Olof Mörck.

    Um ambiente diferente daquele que se vê num concerto de Metal habitualmente, mas muita boa energia no ar, pois o tipo de música que a banda presenteou Madrid não podia criar outra atmosfera. Ao ouvirmos os temas como “PvP”, “Stronger” e “Viral”, a título de exemplo, ficamos logo como o refrão na cabeça e não conseguimos resistir em abanar o nosso corpo ao ritmo de cada uma das canções. Ainda somos brindados com um pequeno excerto da banda sonora do Senhor dos Anéis e um pouco de “We Will Rock You” dos Queen, mostrando algumas das influências da banda. Música melódica dançante com forte incidência no campo industrial. A banda poderá ser uma boa entrada para o Metal para quem goste de musica Pop dos anos 80 e/ou do Rock dessa década, pois a sua influência é inegável.

    O ponto final da noite seria dado pelo célebre tema “Drop Dead Cynical” que é o hino da banda. Onde todos na sala vibraram a uma frequência impensável para comuns mortais, mas estes metaleiros são devotos à sua música, e mostraram o que são capazes pelas suas bandas.

 

    Uma noite formidável de muita boa música, com enfoque no campo mais melódico. Muita dança e muito Head Banging. Muita nostalgia e muita redescoberta. Valeu a pena ir a Madrid de propósito para testemunhar esta noite maravilhosa que aqueceu o coração de todos os metaleiros de Madrid e arredores.

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