Reportagem do Mad Fire Fest – Hollywood Spot, Feijó [17 de fevereiro de 2024]
Sábado costuma ser um dia ideal para descontrair e relaxar,
e os adeptos da música extrema sabem que um Festival de Metal é talvez a melhor
forma. Ora as preces foram ouvidas e os Deuses do Metal providenciaram, e
entregaram um festival para este passado dia 17 de fevereiro.
O seu nome é Mad Fire Fest, que para primeira edição demonstrou
um potencial devastador com uma sonoridade bastante eclética, que cativou
ouvidos de habitantes das diversas gamas do espectro do Metal.
A primeira banda a subir ao palco foram os Legacy of Payne, que
não só inauguraram o festival como fizeram a sua estreia nos palcos. E, diga-se
de passagem, que a sua estreia foi no mínimo estrondosa e memorável. Thrash Metal à
antiga com um cheiro a novo que nos cativa desde o primeiro acorde. A melhor
palavra para os descrever seria mesmo “Enérgicos”. A banda é formada por
membros dos Critical Hazard e por elementos que já passaram por bandas como os
Speedemon, o que nos indicia que a banda poderá criar várias dinâmicas e
potenciar um conjunto sonoro bastante amplo e rico. Vocalmente somos levados
até às margens do Death Metal, mas o restante som puxa-nos para as terras férteis
do Thrash Metal. A atuação deixa querer ver e ouvir
mais sobre eles.
Seguiram-se os Critical Jojo, músicos italianos que
apresentam ao festival uma bela dose de música muito divertida. O seu som é difícil
de descrever, porém imaginem uma liquificadora onde colocam Nu-Metal, Funk, Rock, e arrisco a dizer Raggae, e muita, mas muita energia. O resultado é algo
que nos remete para System of a Down com Gogol Bordello e música do Caribe com
umas intrusões melodiosas, e digo-vos que é top top. Para ouvidos ecléticos, e
para amantes da música experimental, todavia no fim do dia para todos os que gostam
de dançar e divertir, porque é impossível não dançar (e viam-se muitos metaleiros
a abanar o corpo em vez de abanaram a cabeça como habitualmente os vimos a
fazer). Talvez um dos pontos altos do festival na minha opinião.
Antes da pausa para jantar subiram aos palcos os Congruity,
e que já não tocavam nos palcos há demasiado tempo. E entraram com tudo! Com uma
mistura perfeita entre o Black e o Death, foi blasfemo, foram tremolos e foram
blast beats. A sede de tocar era tanta que não foi difícil convencer a banda a
tocar mais um tema no final. Verdade seja dita, se a banda não nos tivesse
advertido que já não tocavam há muito tempo, muito provavelmente ninguém teria
reparado, pois têm tudo bastante afinado e oleado. A energia em palco só foi
superada pela manifesta vontade de tocar para o público.
Após a pausa foi tempo de ouvir os Critical Hazard, ou seja,
foi tempo de Death Metal Melódico. Os riffs rasgados de melodia que são
perfurados pelos blast beats de um modo tão maravilhoso, e claro a voz assombrosa,
porém formidável, que dá cor aquilo que os instrumentos de cordas e bateria não
conseguem. O quinteto fantástico do Melodeath mostrou novamente no Feijó como
se faz música da pesada, sempre com uma formidável técnica da parte de todos os
membros.
Tempo para Power Metal com os Mindfeeder. E assim que começa
dá logo vontade de “montar no pégasus e ir chacinar dragões”, pois é música do
mais épico e do mais melódico que se ouviu em todo o festival. Um Power Metal muito
vincado pelo Heavy mais clássico ou pelo NWOBHM o que o torna muito melódico e
bonito, e que nos remete para ‘Helloween meets Iron Maiden’. Muita energia em
palco e muita felicidade de quem toca e de quem a ouve. E claro as teclas
tornam tudo melhor, uma lufada de ar fresco no festival, onde se tinha ouvido
muita boa música, no entanto aqui finalmente residia a novidade, propriamente dita.
Os cabeças de cartaz vieram de Espanha os Guadaña, que
fizeram a sua estreia em solo lusitano. A banda incorpora uma mistura muito
bela entre voz feminina e masculina e o seu som centra-se no Heavy mais clássico,
muito melódico, com feixes que nos fazem sentir Power e talvez o Sinfónico,
e com a incorporação de sintetizador dá-lhe um toque retro, mas concomitantemente
moderno. E a sua indumentária em palco por alguma razão fizeram lembrar os
Therion. A sua energia é bastante contagiante e foi a melhor escolha possível para
fechar o festival.
O festival está bem conseguido para uma primeira edição, e
como tal há margem para melhoria e para crescimento. Organizar um festival não é
uma tarefa nada fácil, caso exista a experiência em fazê-lo ajuda, só que ainda
assim não o torna menos desafiante.
O ponto mais positivo foi mesmo a variedade em termos de
som, que passou pelo Thrash, Alternativa, Death e Power, o que deveria levar a
que diversos fãs migrassem até ao Hollywood Spot. É sempre bom ter uma oferta
ampla da gama de sons do Metal, permite-nos compreender melhor o que existe por
aí.
O ponto a melhorar é algo que não depende apenas de quem
organiza, isto é, encher a sala. Mais metaleiros presentes daria um outro espírito
ao festival.
A melhor banda pela variedade foram os Critical Jojo, que
conseguiram fundir diversos géneros de forma bastante eximia, e que não soa a
demasiado, soa simplesmente bem. Ótima banda para se curtir e para dançar (ênfase
no dançar).
Festival bem conseguido, e que provavelmente entrará no roteiro
de inverno dos metaleiros da zona metropolitana de Lisboa, e arredores.
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