Review de 2023 pt2 (concertos)

Deixando agora os festivais de parte e focar naquilo que foram as atuações, (na minha opinião), mais marcantes do ano de 2023. Foi difícil escolher quais as bandas, e como é que as poderia apresentar do meu ponto de vista. Porém, decidi cingir-me a um sólido Top 10 concertos. Mas irei fazer, contudo uma separação de bandas internacionais e bandas nacionais, mas apenas para o Metal, no caso do Rock, Punk e Hardcore acabarei por juntar tudo. Ressalvo que algumas bandas acabei por assistir bem mais do que 1 vez, e isso também tem impacto, porque acabo por criar um ponto de comparação.

Os critérios são importância da banda para mim, ambiente vivido, qualidade de som, binómio interação banda-público e expetativa versus realidade.


Metal

Internacionais

1º Pantera

A minha banda de infânica e adolescência. Aquela banda que oiço quando não sei o que hei-de ouvir. O meu sonho tornou-se realidade, ainda que não seja a banda original, o meu lado mais jovial deixa-me viver o sonho abertamente: sim eu vi Pantera, e tu?

Fiquei a viver o momento durante semanas, a tentar relembrar cada momento como se tivesse sido ontem. Aliás fui ler o texto que escrevi sobre o concerto e imediatamente arrepiei-me de tal forma que a emoção se torna difícil de controlar.

Aproveito para confessar uma história interessante que aconteceu durante o último tema da noite “Cowboys from Hell”, decidi aventurar-me no crowd surfing (fenomenal). No final após sair pelas grades sou abordado por um senhor nos seus 50 anos, que me pediu para tirarmos uma foto. Após tirarmos a selfie confessou que me observou no crowd surfing que a minha face emanava tal emoção que ficou comovido, e relembrou-se que em 1994 quando estava a ver Pantera em Cascais não pôde participar no crowd surfing, e então disse-me ‘Tu fizeste aquilo que eu queria ter feito em 94, e não pude porque tinha o braço partido’. Tais palavras criaram um impacto indescritível em mim.

2º Between the Buried and Me

A banda tem uma forte influência em mim. O seu metal passeia-se pelo Death Metal mais progressivo, com umas intrusões de Jazz e um início vincado pelo Metalcore. Entregaram uma forte prestação no LAV, e claro tocaram o meu tema preferido “Voice of Trespass”. Saí de lá a tremer de alegria.

3º Ne Obliviscaris

Metal progressivo com violino, será preciso dizer mais? Com uma mistura equilibrada entre gutural e clean vocals, uma guitarra que nos faz viajar, uma bateria que nos fala de ritmos inconcebíveis para o nosso cérebro, mas que o nosso corpo de modo pavloviano agradece e dança, e claro aquele baixo tirado dos céus, uma melodia linda e muito shredding num misto de jazz e death metal técnico.

4º Helloween

Prioneiros no Power Metal (e sim eu gosto de Power Metal). A atmosfera vivida em Zamora foi sublime, e tour com os 3 vocalistas é um feito inacreditável e que encaixa na perfeição.

A técnica dos músicos está melhor do que nunca, e os temas míticos continuam intemporais.

5º Paradise Lost

Pioneiros no Death/Doom e depois mais tarde no ramo mais Gótico. Ver do início ao fim o álbum Icon é uma daquelas experiências que todos deveriam poder testemunhar, pois se existe beleza pura neste universo, será certamente observar aquele grupo tocar do início ao fim um álbum com 30 anos de história.

6º Triptykon (apenas clássicos dos Celtic Frost)

Ver em primeira mão os clássicos dos 2 primeiros álbuns dos Celtic Frost, e fico sem palavras. A banda não contém todos os membros originais, mas temos o Tom G. Warrior, que está melhor do que nunca. A banda inspirou toda a 2ª onda de Black Metal e teve influência em bandas de Death Metal.

7º Meshuggah

Djent! Muitos argumentam que não é um estilo, mas verdade seja dita os Meshuggah têm uma identidade própria, e mais nenhuma banda conseguiu replicar este som, há coisas parecidas e muito boas por sinal, mas Meshuggah é único. Pena não terem tocado a “Bleed”, mas ainda assim fiquei satisfeito com a “Demiurge”.

8º Dark Tranquility

O Melodeath ou Melodic Death Metal acaba por ser um excelente ponto de entrada para o Death Metal para muita gente, e Dark Tranquility são uma banda de fácil digestão. Pude ver 2 vezes este ano, e digo que a atuação no Milagre Metaleiro foi muito melhor do que no Z! Live Rock Fest, tanto em ambiente como em setlist.

9º Stratovarius

Outra banda clássica do Power Metal. O seu som é inconfundível e a perícia técnica dos seus músicos é invejável. O setlist escolhido para o Milagre Metaleiro seria o ideal para quem quisesse conhecer a banda, pois os temas clássicos foram todos tocados. Pena o som não ter sido o melhor, mas a alegria era tanto que acaba por se desculpar alguns detalhes.

10º Fleshgod Apocalipse

A banda que melhor mistura o Death Metal (Técnico) com o Metal Sinfónico, e fazem-no com uma classe imensurável. Apesar de não conter todos os membros da banda, deram um show que deu um dos melhores pontapés de saída para o ano de 2023.

 Menções honrosas

Apocalyptica

Epica

Rammstein

Bullet for My Valentine

Avatar

Devin Townsend

Trivium

Midnight

Melvins

SAOR


Nacionais

1º Moospell

Eles são sinónimo de Metal. A banda que transportou mais o nome de Portugal lá para fora, em nome da música pesada. São ícones no Metal Gótico e são heróis na música extrema. Pude ver 2 vezes este ano, uma no Milagre Metaleiro e outra no Incrível Almadense no Halloween, e em qualquer um dos casos o seu concerto foi épico, no mínimo.

2º Serrabulho

Serrabulho são festa personificada numa banda de grindcore. Se não gostas de grindcore, não faz mal, vai ver serrabulho, vai valer a pena.

O ambiente é tão caótico, mas festivo que é impossível ficar indiferente, e é impossível não sentir a diversão, nem que seja só a ver todos os outros a fazerem a festa. Eu vi 2 vezes este ano, e nas duas replicou-se a festa, mas nunca soa a repetitivo, pois eles conseguem inovar sempre.

É uma banda que vale mesmo a pena ter em festivais.

3º Dercetius

Talvez o melhor Death Metal Melódico a ser criado no nosso país. Tem forte influência na cena de Gotenburgo como Hypocrisy e At the Gates, mas também da cena finlandesa como Children of Bodom. Se não ouviram, vão já! Vai valer a pena. Para todos os fãs do género.

4º Ho Chi Minh

É industrial, é Metalcore, é Groove. É tudo isso misturado e entregue de forma bastante balanceada. É muito enérgico e muito intenso. A banda dá tudo em palco. Vale a pena conhecer. Vi 2 vezes e ficou melhor da 1ª para a 2ª.

5º Hórus

A semelhança com Lamb of God não é um mero acaso, contudo mantém uma identidade própria que mescla muito além do Groove e Metalcore, há também elementos de Prog, Thrash, Hardcore e Deathcore.

Uma banda que tem muito para nos entregar, e que nos entretém sempre que atua. Tive a oportunidade de ver 3 vezes e a fasquia é sempre superada.

6º Sacred Sin

Os clássicos do Old School Death Metal, estes artistas são aquilo que precisam para vos animar os ouvidos. O som é quase que um tributo à origem do Death Metal, e é sempre uma maravilha assistir a este poderoso quarteto. Vi 4 vezes este ano, e nada supera o concerto dos 30 anos do álbum ‘Darkside’, foi bíblico!

7º Gaerea

A minha porta de entrada para o Black Metal, a banda tem uma sonoridade muito atmosférica e som bastante cuidado, com elementos melódicos. Parece-me ser um excelente ponto de entrada para o Black Metal.

8º Thragedium

Numa mistura perfeita entre Death/Doom e Folk Metal, a sua presença em palco só é superada pelo poderoso som que cria uma cortina atmosférica que hipnotiza e nos faz viajar em conjunto com a banda.

9º Thormenthor

A banda Mistura Death com Black, incluí elementos de Doom, Prog e música psicadélica, e o resultado é um som que não nos saí da cabeça, e lá permanece dias após terminar o show. Pelo foi o que me aconteceu nas 2 vezes que os vi este ano.

10º Ruttenskalle

Death Metal é bom, mas se for o som de Estocolmo é melhor. Se for feito em Portugal ainda melhor, e estes senhores são reis na criação do som do Death Metal de Estocolmo. Aquela distorção que nos faz lembrar um serrote é algo único e distintivo no som de bandas do género, e os Ruttenskalle fazem-no com um à-vontade formidável.

 Menções honrosas

Alpha Warhead

Klatter

All Against

Bizarra Locomotiva

Seventh Storm

Corpus Christii

Derrame

Black Hill Cove

Besta

Dragon's Kiss


Rock, punk e hardcore

1º Roger Waters

Ouvir clássicos de Pink Floyd é daquelas coisas que faço sem qualquer tipo de esforço. O setlist foi brutal e o som foi magnifico.

2º Queens of the Stone Age

Estão melhores do que da última vez que os vi. A banda tem um lugar muito especial no meu coração, e vê-los ao vivo é sempre algo que me dá mesmo muito prazer.

3º Red Hot Chili Peppers

Primeira vez que os vi, e não desiludem. Presença incrível e um setlist de meter inveja a quem não conseguiu um bilhete.

4º Napalm Death

Os inventores do Grindcore, e com isto bastaria. Mas a sua presença em palco parece não desacelerar com o passar dos anos. A mesma estética, a mesma mensagem e claro mesmo som caótico que nos fez apaixonar.

5º Royal Blood

A banda de rock que parece já ter colocado o nosso país como uma passagem obrigatória todos os verões. Este concerto foi ainda melhor que o do ano passado.

6º IDLES

Com uma estética que nos remete para o Punk dos anos 70, mas com um som bem colado ao rock indie/alternativo. O resultado é um show fenomenal que nos faz querer ouvir mais da banda.

7º Agnostic Front

Nome incontornável do Hardcore, e este ano foi um ano de passagem por Portugal, de vários nomes de peso do Hardcore. Em 2 palavras: energia, atitude.

8º GBH

Reis do Punk mais clássico, mantém a sua energia e identidade.

9º The Quartet of Woah!

Hard Rock clássico, do mais puro e duro. Assemelha-se muito a Deep Purple, devido ao uso do teclado que soa a órgão.

10º Motley Crue + Def Leppard

Bem sei que são 2 concertos, mas foram na mesma noite e seguidos, e acho que faz sentido colocar os dois no mesmo pacote. Glam Metal voltou e está vivo, mais do que nunca até. 

Oportunidade perfeita para poder assistir a 2 colossos do rock, que tanto fizeram pela música.

 

Ponto menos positivos

Agora a parte mais dura que são aquelas que foram as maiores desilusões, acabam por ser bandas que a expetativa estaria demasiado elevada, ou que por alguma razão simplesmente não seduziram os meus ouvidos ao vivo.

Symphony X

Fizeram a tour dos seus 30 anos, e na europa passaram apenas em 3 sitios (e nenhum foi portugal). O show em Zamora foi manifestamente fraco, apesar do brilhantismo indivudal e da virtuosidade musical de cada um, mas soube a pouco. E nesta tour nem tocaram o tema mais emblemático “Odyssey”. E dói-me escrever isto, pois é uma das minhas bandas preferidas.

Bob Dylan

É um clássico, e fui ver mesmo por isso. Mas não faz o meu género musical, manifestamente.

Pixies

Zero interação com o público. Tocaram durante 2 horas de enfiada. Esperei 2 horas para ouvir o clássico “Where is my mind?”. Não recomendo de modo algum.

 

Surpresas

E para terminar aquelas que foram as grandes revelações para mim, no fundo aquelas bandas que criaram um impacto tão grande após terem sido vistas ao vivo, que entraram imediatamente no meu rol de músicas diárias.

Dercetius

Hórus

Ho Chi Minh

Ne Obliviscaris

Thragedium

Serrabulho

Sacred Sin

Bizarra Locomotiva

IDLES

SAOR

All Against

Haken

Ancient Arrival

Monuments

Midnight

Soilwork



Para 2024 já se esperam grandes nomes tais como Decapitated, Kreator, Blind Guardian, Amorphis, Abbath e Orphaned Land (após os inúmeros adiamentos), e no caso do rock claramente destacam-se os Pearl Jam. Portanto avista-se um ano impecável em termos de música pesada (e não só).

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