Review de 2023 pt1 (festivais)

Após o período de pandemia, podemos afirmar que 2023 foi de facto o ano do regresso da música ao vivo. Neste conjunto de textos irei tentar falar sobre o ano que está prestes a findar, concertos memoráveis, festivais épicos e bandas que surpreenderam. Finalizarei com aquilo que à data nos pode esperar para o próximo ano.

Vou iniciar por um balanço daquilo que foram os festivais deste ano. Falando apenas da minha experiência, quero falar de festivais que tive o prazer de assistir este ano:

 

  • Z! Rock Live Fest

Começando pelo festival em Zamora, Espanha, é de facto uma experiência extraordinária assistir a um festival fora do nosso país. E não é que o nosso país não tenha bons festivais, porque os tem, e eles têm de facto impacto a nível mundial.

Apesar dos constrangimentos meteorológicos, que levaram ao cancelamento quase integral do 2º dia do festival, foi possível assistir a banda como: Amorphis, Septic Flesh, Symphony X, Crisix, Dark Tranquility, Haken, Evergrey e Helloween.

Festival que recomento vivamente, em particular para aqueles que ainda não se sentem confortáveis numa ida a um festival de maiores dimensões, e/ou um pouco mais longe. Em suma, um excelente ponto de partida para uma viagem ao estrangeiro com intuito de assistir a muita música da pesada.

 

  • Alvalade Arise

Seguiu-se o festival em Alvalade do Sado, que provou que os festivais de pequena dimensão estão vivos, mais do que nunca, e que congregam os metaleiros. Aposta forte naquilo que melhor se faz em solo nacional.

O calor não afastou os fãs da música extrema, que desde o início se mantiveram fiéis e só se deitaram bem depois do António Freitas fechar a noite (madrugada). Bandas como Dercetius, Hórus, Nagasaki Sunrise, Murro, All Against, Wako, Revolution Within, Thormenthor, Serrabulho e António Freitas.

Foi ótimo voltar a ver Thormenthor (desde o VOA 19), e poder conhecer bandas que me marcaram muito como os Dercetius, os Hórus, os All Against e claro os incríveis Serrabulho (bandas que tive o prazer de ver novamente ao longo do ano).

Festival que recomendo a todos, e para quem viva na zona do Baixo Alentejo e Algarve, talvez seja uma ótima oportunidade de conhecer o melhor que é feito na terra lusitana. Tem um ambiente altamente descontraído, e é sempre uma forma de poder conhecer os artistas pessoalmente, por não existir aquela barreira típica entre o artista e o público num festival de maiores dimensões.

 

  • Evil Live

Aquele que substituiu o antigo VOA, e não foi pela mudança de nome que houve uma migração em termos de identidade. Preserva-se aquilo que estávamos habituados a um festival citadino.

Começar por relembrar que a única passagem dos Pantera (nesta nova “reunião”) foi feita neste festival. Contou ainda com Slipknot, Soulfly, Meshuggah, Papa Roach e Alter Bridge.

É um daqueles que para mim já é obrigatório, e é talvez um bom ponto de entrada no circuito de festivais, até porque o cartaz costuma conter bandas mais “conhecidas”, o que para quem esteja de fora seja entendido como uma facilidade em digerir o ambiente do festival.

 

  • Vagos Metal Fest

Vagos é sem dúvida a capital do metal. Assim que pomos um pé na Vila sentimos logo uma atmosfera clássica do metal: toda a vila respira música extrema! É sem sombra de dúvidas um dos melhores festivais de metal em Portugal, se não for mesmo o melhor. Tem uma tradição clara, de provas bem dadas, e que tem sustido ao teste do tempo.

Assistir a bandas como Sepultura, Alestorm, Dieth, Gatecreeper, Triptykon (que só passaram clássicos de Celtic Frost), Midnight, Monuments, Serrabulho, Glasya, Corpus Christii, Sacred Sin, Besta e Seventh Storm. Com um balanço formidável entre metal nacional e grande nomes internacionais.

Importa, contudo, salientar que este não foi um dos melhores cartazes que o festival teve, bastaria olhar para o cartaz da edição anterior, ou espreitar os nomes já divulgados para 2024.

Se há festival que recomendo a todos os fãs do metal é mesmo o Vagos. E arrisco a dizer para quem não é fã, mas é um curioso a nível musical, Vagos terá com certeza as portas abertas, e o cartaz é muito rico na diversidade sonora, percorrendo os diversos subgéneros. E se não for pela música, que seja pela experiência, pois tudo e todos durantes aqueles dias respiram e vivem metal.

 

  • Milagre Metaleiro

O Pindelo acabou por dar uma lição a todos os festivais em termos de cartaz, pois surpreendeu e muito mesmo. A zona escolhida para o festival é uma zona pacata e bastante tranquila. O ambiente é muito agradável e relembra em parte aquilo que vive no Vagos. 

Os grandes nomes desta edição eram Therion, Moonspell, Stratovarius, Dark Tranquility, Grave Digger e Cradle of Filth. E contou ainda com os nomes nacionais Blame Zeus, Toxikull e Enchantya.

Mais um que recomendo vivamente, a experiência é muito boa e o ambiente é muito semelhante ao que se vive no Vagos. E pelo menos este ano foi talvez o melhor festival em termos de preço do bilhete e qualidade do cartaz.

 

  •  Oeste Underground
A Malveira também sabe organizar festivais, e o cartaz era riquíssimo em termos de variedade de som. Apenas mais uma prova do que aquilo que se organiza em Portugal tem importância e é de facto bem feito.

Destacando bandas como Bleeding Display, Ho Chi Minh, The Chapter, M.O.R.G, Angelcrypt (Malta) e Ancient Arrival (Espanha).

Mais um festival que merece atenção, mais um que merece ser conhecido. Mais uma excelente oportunidade para se conhecerem novos talentos, ou rever bandas que já ganharam o nosso coração e os nossos ouvidos. Festivais de pequena dimensão têm a vantagem de ser possível conviver com os artistas após as suas atuações, e por isso toca a aproveitar.


Saindo agora da zona do Metal e indo em direção ao rock e música mais alternativa:

  • NOS Alive

O festival já foi outrora uma referência na sonoridade rock, mas o que se tem vindo a constatar é a sua migração para música mais pop e comercial. Acabando por perder a sua identidade, que foi no fundo aquilo que o tornou num dos festivais de referência a nível internacional.

Ainda assim contou com bons concertos e bandas incríveis, dos quais gostaria de destacar os Queens of the Stone Age, Red Hot Chili Peppers, Arctic Monkeys, IDLES, The Black Keys e Puscifer.

Honestamente não consigo recomendar o festival na integra, acho mais prudente adquirir ingressos apenas para o dia que se pretende. Até porque o preço é bastante elevado.

 

Em suma 2023 foi um ano riquíssimo em termos musicais. Foi um ano de grande descoberta e redescoberta da música extrema. Foi um bom ano de festivais, e olhando para aquilo que poderá ser o panorama do próximo ano, tudo aponta para que seja ainda melhor!

Olhando para os nomes já confirmados para estes festivais que pude falar um pouco no texto destaco:

Kreator, Leprous, The Black Dahlia Murder, Decapitated, At the Gates, Eluveitie, e Paradise Lost – Z! Live Rock Fest 2024

Morbid Death, Besta, Devil in Me, Crab Monsters, Suspeitos do Costume, VIL e Mercic – Alvalade Arise 2024

Avenged Sevenfold, Megadeth, Machine Head, Electric Callboy, Corrosion of Conformity e Jiluka – Evil Live 2024

Blind Guardian, Insomnium, Samael, Uada, Suffocation, SAOR, Quinteto Explosivo, Toxikull e Ho Chi Minh – Vagos Metal Fest 2024

Amorphis, Fleshgod Apocalipse, Rotting Christ, Troops of Doom, Serrabulho e Speedemon – Milagre Metaleiro 2024

 

Arcade Fire, The Smashing Pumpkins, Pearl Jam e Sum 41 – NOS Alive 2024

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