Helloween no Z! Live Rock Fest 2023

    São cerca de 22:40H e o público em Zamora entoa energeticamente e em uníssono o famoso tema “Breaking the Law” dos Judas Priest que passa nos speakers no Palco Silver, vaticinando auspiciosamente o maravilhoso concerto que se iria viver dentro de momentos.

    Começa então a soar a famosa “Halloween” numa adaptação sinfónica, sublime que até faz arrepiar e que remete-me diretamente para a minha adolescência onde ouvi pela primeira vez tal melodia. Cai a cortina, e enche-se o recinto de alegria coletiva – o concerto está prestes a começar – inicia a instrumental “Orbit” que dá o mote para o início do concerto. Fica em destaque o kit de bateria do Daniel Löble, adornado sob uma enorme abóbora. As luzes apagam-se e de repente ouve-se o início da “Skyfall”, e as emoções já não podem ser contidas pelos corpos dos milhares de fãs, o recinto enche-se de gritos e todo um conjunto de manifestações de alegria – o concerto começou oficialmente – as luzes acendem-se e a banda está no palco – já não há escapatória, vão ser 2 horas de puro metal, de pura melodia e de pura nostalgia. 

    Segue-se o clássico “Eagle Fly Free” do mítico álbum “Keeper of the seven keys, Pt.II” e os fãs mostram que trazem a lição bem estudada e cantam em conjunto com a banda desde do primeiro acorde. Entra “Mass Pollution” mais uma música do álbum homónimo, sendo o mais recente da banda, porém o publico não se rende, não interessa se é novo ou clássico, o que interessa é que é Helloween. O público vibra com a chegada do clássico “Future World” e Michael Kiske aproveita para afinar o coro da legião de fás presentes no recinto IFEZA em Zamora. Andi Deris não quis ficar para trás e com o emblemático “Power” mostrou que também ele é um excelente maestro para a plateia. O tema “Save Us” voltou a vincar que os fãs têm os clássicos bem-sabidos e que a nostalgia é uma forma de energia contagiante e penetrante.

    Kai Hansen entra em palco desta vez sem a sua guitarra, fazendo antever que iriamos ouvir pérolas do majestoso “Walls of Jericho”. E em forma de medley seguiram-se “Metal Invaders”, “Victims of Fate”, “Gorgar” e “Ride the Sky”. Importa salientar que as palavras "Ride the Sky" ainda estão a entoar na minha mente, tal não foi a intensidade dos cânticos. E para terminar esta sua primeira prestação como terceiro vocalista da noite deixou-nos a “Heavy Metal (Is the Law)”. Após esta catadupa de música épica foi-nos entregue o momento mais bonito da noite a Power Ballad “Forever & One” cantada por Deris e Kiske sentados lado a lado, sendo a melodia emanada por estes dois gigantes preenchida pelas vozes dos sempre presentes dos “Z! Livers”; desde dos inúmeros casais espalhados pelo relvado que dão as mãos ou passam um braço pelas costas da sua cara metade, passando pelos solteiros que não queriam ficar atrás e por isso cantam a balada de forma vigorosa e com mais afinco. Para culminar na cascata de emoções vividas no Palco Silver os Helloween presentearam-nos com um solo do incrível Sascha Gertsner.

    Markus Grosskopf mostrou durante todo o concerto que é um verdadeiro virtuoso, e que um baixista pode e deve tocar mais do que a root note de um acorde, e preencheu todas as músicas com a sua destreza clara e com o seu sentido musical muito apurado, deixando o ressoar do seu preponderante groove e pondo toda gente a dançar, mesmo sem estes se aperceberem qual a root cause. Daniel Löble evidenciou que a bateria é o seu porto seguro, e deixou-nos a abanar a cabeça inconscientemente, durante as duas horas que pareceram apenas 5minutos - uma admirável viagem.

    Se havia alguém que ainda não tivesse sido afetado pela magnífica noite que se vivia em Zamora, as próximas 3 músicas não podiam deixar nenhum dos presentes desprovidos de emoções positivas. Uma para cada um dos vocalistas: a motivadora “Best Time” do álbum mais recente para Deris; a eterna “Dr. Stein” cantada por Kiske (e por todos os presentes de forma entusiasmada); e a épica “How Many Tears” por Hansen. Hansen deixou no ar que seria a última música da noite, mas os fãs mais atentos e leais sabem muito bem que ninguém abandona um palco de Helloween sem passar pela icónica “I Want Out”. E com isto Zamora recebeu um primeiro encore com “Perfect Gentleman” e “Keeper of the Seven Keys”, que agarrou cada uma das faixas como se tratasse da última. "Z! Livers" voltaram a mostrar que este era o concerto mais aguardado de todo o festival. Ainda tivemos direito a uma competição entre o lado direito e esquerdo da plateia, conduzidos por Deris e Kiske respectivamente, escusado será dizer que quem ganhou foram todos os presentes. 

    Antes de fechar em grande, como apenas os Helloween sabem fazer, ainda nos abandonaram mais uma vez, apenas para nos entregarem a sua magnum opus “I Want Out”, com direito a bolas de praia (E sim advinharam! Laranjas com abóboras inscritas) e confettis. É um pouco cliché dizer que estes foi o ponto alto do concerto, e nem faz jus à tremenda performance manifestada por todos os elementos durante 2 horas memoráveis, no entanto, deixo aqui a minha nota pessoal: esta música para mim é essencialmente um hino, uma máxima para as nossas vidas, uma lembrança que devemos pensar por nós próprios. Levou-me de volta ao miúdo do secundário que ouvia esta música sem parar nos intervalos (e às vezes na própria aula ahahah). Fez-me viajar no tempo, e olhar para aquele miúdo que até nem há muito tempo era eu. Encheu-me de emoções que não se explicam, apenas se sentem. E acredito que não tenha sido o único a sentir-me deste jeito. Aquele adolescente cumpriu um sonho.

    A música é mesmo um fenómeno inexplicável, que nos põe a pensar e a sentir coisas de formas enigmáticas, que nos preenche, que nos completa, que nos faz relembrar e que acima de tudo nos define como pessoas.

    Foi um concerto que irei guardar com muito carinho nas minhas memórias, e que tenho pena que muitos dos fãs de Helloween que existem por Portugal (e não só) não pudessem assistir. Esta é a minha forma de partilhar a minha perspectiva da noite passada e de agradecer do fundo do coração à banda.






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